domingo, 4 de janeiro de 2015

Solitude

Dono das angústias
Insônias
Euforias
Ao menor golpe teu
Insensata me desfaço
A mente cativa
Me abisma de palavras
Ao bom melifluar
Das horas
Que se espraiam
No ocaso da tua loura cabeleira
Te ouço nas formas,
nos cheiros,
Te sinto nos azuis
Amarelos, e vermelhos:
princípio. 
Fulgaz 
sol
cigarro
E dor
Em ti tatuados
Traduzem-se em mim
Céu e inferno - paz
Afogando meu já ermo juízo 
E sorvo beijos
Que não me alforriam
Antes, a saudade 
Nas paredes,
No teto,
Escapando pelas janelas
Inquietude 
Que me queima
A boca do estômago 
E se esvai num falho suspiro

Fúria/Oasis

No olhar
que assopra mistério 
aos ouvidos, na pele
e desfaz nós 
do reconditório das vontades;
Que despe
Universos inteiros,
Flui minha prece
Ao rebater do violão 
vozes que denunciam
o inevitável 
rebentar de represas
mor d'os negros caracóis. 
Lisergia maliciosa 
descompassando sanidade
a revoar
no espectro
dos sentidos 
Estalo das línguas:
uníssono. 
Cintura seios mãos pescoço 
Graves corpos espirais
Debandando estribeiras

Via de mão única

Na cisão aberta em meus miolos, o fel de teus olhos me infectava, corrente.
Doença de fascínio; desígnio escabroso dos deuses? Fatal. Desditas...Refratário, universo hermético - Infértil? Como desviar do olhar de promessa de um bem te vi que, para mim, deixa apenas a pálida secura do cinzeiro às 17 horas?

Independência

Cacei nos vãos,
Frestas, portas trancadas
Passado apagado...

Armadilha consciente 
Do querer sem reservas
Gastando as poucas horas
Contadas
Gananciosa a cutucar
Feridas
Insistente 
Arriscar-se num flagelo 
Que periga ser
Amor de vaidade
Incongruente

Pega tua sofrência
Esmiúça 
Enrola
Carbura...
Manda pro além 
Vive a aurora
Acalma o coração
No firmamento
Abóbada cósmica 
Voa sem perdão