"[...]E bem que viu o bem te vi
A sabiá sabia já
A lua só olhou pro sol
A chuva abençoou[...]"
Gonzaguinha - Lindo lago do amor
Súbito:
negra tempestade
Deu sinal.
Nos umbrais de sua névoa
Me vi refém.
Reparei danada flâmula
A dançar eufórica;
Qual pueril beija-flor
Em teus olhos:
Tristes olhos...
Se atirou maneira nos meus
E tanto bastou
para ricochetear
violenta
em meu peito fértil,
há tantos outonos
carecendo semeadura...
Se espalhou volátil
Vapor implacável no éter
coração cabeça pele
incendiados.
Pulmões preenchidos de renascer
numa ânsia de tudo curar
E eu florescia em meio à combustão.
Tudo era sorriso
Mentiam as horas
naquele vertiginoso
desabrochar
Invadindo calçadas
Atmosfera: inundação
de mormaço macio
fundindo pensamentos
Bonança
prenunciando teus verões.
Sabiá sem rumo
Arco sem alvo
Na névoa fez sua morada:
Lugar de poesia.