terça-feira, 3 de abril de 2018

Sonho púrpura

"[...] Você, raio humano,
Despencou
Na minha cabeça 
E desde então 
Grita esse trovão 
No meu peito [...]"

Marina Lima - Tempestade


De calidez muda
Se fez surdo; instante.
Singelo, tanto quis ser.
Vida em orvalho, 
Mormaço de chuva no asfalto
Caos certeiro
Torrente.
Diz-se da terra firme: o abrigo.

Da alvorada
a bruma quente 
que embala gaivotas 
sob o vento deslizante 
do ocaso escarlate.
Nublos lábios:
Céu fechado.

Da ressaca
ser a rebentação 
Ferida aberta  
sonho púrpura
Consumação.

Veio frio, mas vi:
Contido
como quem carece de querer
Tolo, não vê?
Pôs-me a alma em ebulição 
Liquefez-se.

Arrebentando pelos poros

qual fúrio vulcão 
Escorreu ao meio fio
rogando proteção divina
do agridoce 
utópico sonho púrpura 
Por ti vertido
Em minhas
atônitas maçãs.